STJ confirma condenação e inelegibilidade de José Roberto Arruda — o passado que insiste em voltar

Ex-governador do DF acumula dívida de R$ 559 milhões e permanece fora das urnas até 2032
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, mais uma vez, lembrar a Brasília que o tempo não apaga responsabilidade. Em julgamento unânime, a Primeira Turma manteve a condenação do ex-governador José Roberto Arruda por improbidade administrativa, impondo-lhe a devolução de R$ 559 milhões aos cofres públicos e mantendo sua inelegibilidade por oito anos.
A decisão, divulgada em 29 de outubro de 2025, tem relação direta com o escândalo da Caixa de Pandora, operação que desvendou um dos maiores esquemas de corrupção da história política do Distrito Federal. Arruda, que já ensaiava mais um retorno ao cenário eleitoral em 2026, recebeu o recado claro: a Justiça não tem amnésia.
Corrupção em série e argumentos reciclados
A defesa do ex-governador insistiu em tentar reverter o processo alegando irregularidades nas gravações feitas pelo delator Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais. O material, entregue à Polícia Federal em 2009, deu origem à operação que flagrou o pagamento de propinas a parlamentares e servidores do governo local.
Mas o discurso da inocência não convenceu. O relator, ministro Gurgel de Faria, foi categórico ao afirmar que as gravações não foram o único fundamento da condenação. A sentença, segundo ele, se baseia em provas documentais, testemunhos e auditorias oficiais que confirmam os desvios milionários.
“Não há dúvida quanto à autoria, materialidade e gravidade dos atos praticados”, apontou o voto. Em tradução simples: não adianta tentar se vitimizar — os fatos estão registrados.
O retrato de uma velha política
José Roberto Arruda coleciona uma trajetória marcada por escândalos, prisões e promessas de redenção. Foi o primeiro governador do país a ser preso no exercício do cargo, em 2010, e tenta, desde então, reconstruir sua imagem política com discursos sobre “nova chance” e “perseguição judicial”.
A cada tentativa de retorno, porém, o passado volta a cobrar o preço da arrogância e da corrupção. A condenação do STJ não apenas reafirma sua culpa, mas também expõe o que Brasília tenta superar: o modelo de poder baseado no toma-lá-dá-cá, no clientelismo e na impunidade institucionalizada.
Ficha suja e lição de moral
Mesmo com a decisão, Arruda ainda aposta em interpretações convenientes da Lei da Ficha Limpa, tentando sustentar que mudanças recentes poderiam restabelecer sua elegibilidade. Especialistas, contudo, são unânimes: a regra não retroage e o ex-governador continuará fora das urnas até 2032, salvo milagre jurídico improvável.
Enquanto o país clama por ética, transparência e renovação, a insistência de velhos nomes em ressurgir soa como um insulto à memória do eleitor.
O aviso está dado
O julgamento do STJ não é apenas uma condenação pessoal — é um alerta coletivo. Mostra que o Distrito Federal não pode ser refém de figuras que transformaram a política em negócio.
Arruda tentou apagar o passado com discursos de vítima. A Justiça respondeu com fatos, números e sentença.
E o recado ficou cristalino: quem trai a confiança pública não volta pela porta da frente.
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